A cidade de Ouro Verde de Goiás nasceu ainda no século XIX, com a fundação da Fazenda de Boa Vista do Matão, situada na parte central do estado de Goiás, possuindo uma área de aproximadamente 4 mil alqueires. O nome da fazenda prestigiava duas características marcantes da região: a altitude, que propicia uma ampla visão do entorno, e as densas matas existentes na época.
Ao ser fundada a fazenda de Boa Vista do Matão, pertenceu inicialmente ao município de Meia Ponte (atual Pirenópolis), passando a integrar a freguesia de Santana (Anápolis) em 1833.
Consta em alguns registros, baseados basicamente na tradição oral de alguns antigos moradores, que por volta de 1933, já existia nas áreas pertencentes à fazenda alguns ranchos de palha, construídos desordenadamente e habitados por tradicionais famílias goianas, através desse adensamento populacional que a região adquiriu, passou a ser então chamada de Matãozinho.
Já nas primeiras décadas do século XX, a calmaria da região começou a ser alterada, com a gradativa chegada de imigrantes vindos de outros estados, em suas maiorias do nordeste, desiludidos com a seca, ou de Minas Gerais, contrariados com a baixa qualidade do solo de sua região empobrecido pelo uso. Com o aumento da população que se encontrava satisfeita com a fertilidade da terra e fartura de água, mas que enfrentavam enormes dificuldades, como: A ausência de escolas no ambiente rural, a dificuldade de comercializar produtos e a dificuldade para se conseguir auxílio médico; através desses fatos surgiu então a necessidade de se possuir uma atuação política organizada na região.
Ao examinar a documentação existente sobre a fundação do povoado de Boa Vista de Matão foram encontradas três escrituras publicas de doação de terra para a arquidiocese de Goiás, com a finalidade de se construir a capela de São Sebastião. Sendo a primeira delas datada no dia 9 de abril de 1936, sendo esta data considerada o marco inicial do povoado de Boa Vista de Matão. Segundo registros, Marciano de Souza França convidou dois amigos fazendeiros, Honorato dos Santos e Miguel Gomes, para criar o povoado a fim de trazer para a região: escola, remédio, produtos para as fazendas e assistência religiosa. Escolheram juntos um local estratégico com terras férteis e propício para a agropecuária, por isso organizaram alguns mutirões para preparar o local, onde abriram um largo e levantaram uma capela de pau a pique e chão batido, somente em 1947 com a ajuda de donativos doados pela população foi então construída uma igreja maior, com alpendre, escadaria e sinos.
Em 1945 o povoado foi se firmando, em torno do largo da igreja que foi dedicada a São Sebastião, assim foram surgindo os primeiros estabelecimentos comerciais, como a farmácia do “Seu” Pereira, a loja de tecido e armarinho do Andrelino Moreira, o depósito de café de Wady Antônio Isaac e o bar Marabá, por exemplo.
Logo, com o passar do tempo foram surgindo o primeiro açougue do João Romano, a fábrica de rosca do Joaquim do Zico, o primeiro dentista Dr. Bartolomeu e o primeiro médico a atender no povoado foi o Dr. Elias. E assim o povoado de Boa Vista do Matão foi crescendo lentamente; a política era comandada pelo prefeito do até então jovem município de Anápolis, que não olhava muito para as necessidades do já não tão pequeno povoado, que em 1948, 12 anos depois de seu surgimento, possuía cerca de 100 moradias situadas entre as praças de São Sebastião e Nossa Senhora do Rosário.
A crescente produção agrícola nas terras do povoado, como o desenvolvimento da pecuária, mas principalmente a produção de grãos como arroz, milho, feijão e o café, justificou a reivindicação das autoridades para a criação de um distrito nas terras do povoado.
Em 1945, a produção do café no Estado de Goiás representava 63,7% do total da produção agrícola goiana. Assim o povoado de Boa Vista de Matão foi ganhando importância no cenário local e estadual, e através dessa condição foi pleiteado na Câmara Municipal Anapolina a elevação política com o atributo de Distrito de Matão.
Após seis dias de reuniões, e algumas sessões com debates calorosos tratando da criação do distrito de Matão, o então prefeito de Anápolis senhor Carlos de Pina sancionou no dia 12 de Junho de 1948, sobre a Lei Municipal nº57, com terras do município de Anápolis, e dos distritos de Goianás (atual cidade de Nova Veneza), Nerópolis e Damolândia, o distrito de Matão. Junto com o novo distrito foram também criados, os cargos de zelador do cemitério, uma recebedoria municipal com atribuições para receber as impostos, taxas, multas e outros tributos, e o cargo de subprefeito.
No período de 1948 a 1963, no qual o Matão foi distrito da cidade de Anápolis passaram 10 subprefeitos sendo o primeiro o Srº José Carvalho em 1949 e o último o Srº José Sebastião de Souza em 1962.
Com o movimento imigratório que acontecia no país com o fim do período escravagista, e a necessidade de mão de obra para a manutenção das lavouras, muitas famílias árabes, os chamados “turcos” e italianas, se instalaram no distrito de Matão.
As obras públicas realizadas no Matão, no período em que foi distrito da cidade de Anápolis pode se destacar: A construção da escola Isolada Gal. Eurico Gaspar Dutra no Sapato Arcado, o grupo escolar da sede do Matão, a ampliação e reforma do cemitério, o calçamento com paralelepípedo da Rua do Comércio e parte da rua Carlos de Pina além de energia elétrica que chegou no terço final do período distrital trazido da hidrelétrica de Piancó.
Apesar das dificuldades encontradas na época, o distrito graças a suas riquezas naturais e seu povo aguerrido possuía uma economia sólida, o que dava maior dinamismo a vida das pessoas que começaram a ter aspirações maiores, esse quadro econômico foi o que provocou o interesse político em desmembrar o distrito de Matão da cidade de Anápolis.
A batalha travada entre forças favoráveis e contrarias à emancipação de Matão evidenciava a importância econômica do distrito para o município de Anápolis. O processo de emancipação começou em 1958, quando os vereadores Adão Mendes Ribeiro e Sebastião do Espírito Santo que eram representantes do distrito na Câmara Municipal de Anápolis, apresentaram o projeto para a elevação do distrito à categoria de município. Os favoráveis a emancipação pareciam enfim ter superado a força dos opositores, conseguindo o apoio de todos os vereadores e o aval do Prefeito Carlos de Pina. Na Assembléia Legislativa Estadual o projeto também foi aprovado, mas a lei ainda dependia da assinatura do então Governador José Ludovico de Almeida. Através de um boicote a administração Anapolina, que não anexou ao processo parte da documentação necessária, foi vetada a emancipação pelo então governador do estado de Goiás. Esse fato frustrou a esperança do povo do distrito de Matão, mas não derrubou a motivação dos lideres políticos que não desistiram de seu objetivo.
Em 24 de Junho de 1963, o Deputado Estadual Anapolino de Faria, representante da região do Matão, apresentou na Assembléia Legislativa Goiana o projeto de Lei para a criação do novo município. Com uma defesa brilhante, o projeto foi mais uma vez aprovado entre os deputados, indo outra vez para a avaliação do governador do estado. Mas dessa vez com todos os documentos comprobatórios anexados o então Governador Mauro Borges Teixeira sancionou em 1º/10/1963 a Lei nº 4.592 que criara por definitivo o município de Ouro Verde de Goiás.
Desde então, o antes povoado de Boa Vista de Matão, iniciado em 1936, elevado a distrito de Anápolis em 1948, e reconhecido como município de Ouro Verde de Goiás em 1963, caminhou em passos largos em direção ao progresso, nesses 50 anos após a emancipação o município ainda guarda em cada uma de suas esquinas um pequeno pedaço de sua rica história.
Localização Geográfica
A sede do município de Ouro Verde de Goiás, possui uma posição geográfica determinada pelo paralelo de 16º 03’ 40” de latitude sul em sua interseção com o meridiano de 49º 03’ 13” de longitude Oeste (IBGE,2013).